Determinado pastor sobe ao púlpito, retira o paletó e pendura no pedestal. O paletó fica lá, pendurado ao pedestal, frente ao púlpito. O pastor, então, desce do ressalto que leva ao púlpito e, mais ou menos no mesmo local onde estão os membros, propõe: “Quem quiser prestar atenção no paletó, pendurado ao púlpito, que o faça! Para os demais, eu venho falar do amor de Cristo.”
Essa pequena ilustração tem um significado que vai além de o sentido literal das palavras. Ela retrata uma idéia que precisa ser trabalhada em todos, enquanto seres humanos, e principalmente em nós, enquanto cristãos.
Temos cultivado, por anos, o hábito de valorizar mais as coisas e costumes do que as pessoas, do que o valor que as pessoas têm. Estipulamos regrinhas, diga-se de passagem, extremamente mesquinhas, montamos perfis de super crentes, queremos produzir uma aparência de super (ou melhor, pseudo) santidade. O cristão tem que ser um indivíduo de cara fechada, que não brinca, que não ri, que não chora, que não erra e que é extremamente rigoroso em relação às santas leis, aos santos costumes. Criamos um perfil de “crente”!
O templo, por sua vez, é um lugar extremamente sagrado. Ali todo mundo é mais santo, então não se pode fazer nada que o nosso legalismo não permite. Os músicos são “levitas” (da tribo de Levi!?) e precisam ser cristãos especiais, que se encontram em um outro patamar dessa hierarquia religiosa. O pastor é o super sacerdote, então tem que ser um super santo, e aparentar isso (frise-se o "aparentar"). O culto é um ritual extremamente sério, então as pessoas que vão ministrá-lo têm que ter uma unção especial pra fazê-lo. Os demais membros, meros mortais, têm que torcer pra serem alcançados pela graça, não de Cristo, mas dos super crentes, que abençoam ou deixam de abençoar, ao bel prazer, e os anjos movem céus e terra a fim de cumprir a soberana vontade destes semi-deuses. E a benção de Deus passa a exigir determinados rituais, grandes determinações de milagres, ou uma contribuiçãozinha voluntária aqui, ou ali.
Bem, eu ainda acredito que vamos cair na real. Sim, entender que a igreja é composta de humanos. Abandonaremos então o nosso glamour religioso, assumiremos que somos pessoas naturais e que entre nós não há hierarquia. Os cultos deixarão de ser as liturgias e o templo passará a ser somente um local onde a Igreja se reúne. Assumiremos que não são as coisas, costumes ou hábitos que santificam o homem. Chegaremos à feliz conclusão que precisamos uns dos outros, e que dependemos inteiramente de Deus. E Ele, pela infinita misericórdia, nos ajudará a sermos servos uns dos outros, valorizando as pessoas e não as máscaras que as enfeitam.
por Samoel Jr.
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